segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Memórias da Infância

Na maioria dos dias acordo feliz! Feliz por está viva, cheia de sonhos, projetos, envolvida em atividades que me dão prazer, por ter permissão de trabalhar, estudar, pesquisar, conviver com a família, amigos, enfim... Assim quase sempre estou envolvida por energias positivas, mas isso não quer dizer que deixe de pensar, lembrar nos que sofrem, dos que vivem em situação de risco, etc. Porém, procuro creditar minhas orações, meu trabalho, minhas ações para melhorar esse quadro e assim vou torcendo pela transformação da sociedade em que vivemos. Portanto, começo em mim essa transformação, para que isso possa refletir nas ações e atitudes dos que convivem comigo. Aproveitando a campanha pela paz no mundo, creio que a paz começa em mim. Ou seja, a transformação de tudo começa em mim. É por isso que meu melhor trabalho é poder no meu dia-a-dia transformar as coisas que podem ser tranformadas. Espero assim, aliás, torço que nosso mundo possa melhorar, principlamente em relação a conduta e atitudes das pessoas. De todo coração.

Uma frase que me recorre agora para comentar aqui foi dita pelo Gabriel Garcia Marques. “Você sempre desperta o melhor que existe em mim”. Adorei essa frase quando li. É isso mesmo. Sempre que penso em exercitar o sentimento de delicadeza em mim ou me vem à memória as conversas com pessoas educadas, gentis ou mesmo as truculentas logo me vêm essa frase e me sinto na obrigação de despertar isso nas pessoas e para as pessoas, assim fico feliz. Na verdade tenho me permitido isso nos últimos tempos, ser uma pessoa feliz. Não me estranhe, (risos). Não que tenha sido infeliz, nada disso! É apenas a constatação que tive nos últimos tempos, decorrentes da persistência que tive em estudar, refletir e viver a vida a partir dos recursos que tenho. Observei que para ser feliz é preciso apenas vivificar o que temos, então tenho milhares de motivos para ser feliz, tenho família, amigos, trabalho, cultura, diversão, amores, mesmo não correspondidos...(risos). Mas tudo bem! Às vezes não se pode ter tudo. É preciso dar tempo ao tempo.

Lendo uma entrevista da Nélida Pinon entendi perfeitamente esse estado de felicidade. A partir do que ela mencionou sobre a infância. “Sabe que tive uma infância que considero muito feliz! Porque, sobretudo fui muito amada, e quando você é amada, você se lança à vida com audácia, você tem referências muito fortes e minha família, meus pais, me estimularam à aventura, fui uma aventureira desde menina, aventureira na imaginação, nos desejos e depois na vida e me adaptaram com carícias, com livros, com oportunidades magníficas.”

Pensei! Que legal! Essa história parece com a minha. Também tive avós amorosos, principalmente os maternos. Deles escutei várias histórias. Ouvi muitos "causos", a memória afetiva registrou momentos como estes: Eu sentada no colo do meu querido avô Luis, pois, tinha o hábito de esperá-lo no alpendre do nosso sítio e adorava vê-lo apear seu cavalo branco ao pé da calçada. É uma lembrança guardada na memória pela vida inteira. Lembro-me sutilmente das conversas alegres que ele travava com minha mãe na cozinha da nossa casa. Do cheiro do café feito na hora e do imenso fogão a lenha. Das caminhadas pelo curral das vacas, do meu pai ordenhando a vaca e nos trazendo um leite morninho e adoçado. Das nossas idas a baixa (onde ficavam as fruteiras), manga, goiaba, ciriguela, pitombas, etc., Eu às vezes ia sozinha para o quintal grande, ou mesmo para a baixa tomar banho de riacho, rsrs. Era uma liberdade incrível. Lá ficava horas, talvez por isso tenha desenvolvido o gosto da solidão, mas da solidão desejada e não da solidão que nasce do repudio. Ficava horas a beira do rio ouvindo o som do riacho, do vento batendo nas folhas, às vezes sentia medo, pois com a cabeça cheia de imaginação pensava em todos os fantasmas possíveis. Vivi uma vida simples, mas cheia de encantos. Subia em arvores, fazia o que queria, me lançava nos rios, que achava que era rio de verdade, hoje adulta vejo que é um riachinho modesto, naquele tempo para mim, que prazeroso era o rio! (Risos) então tudo isso ficou marcado para sempre, ainda digo até hoje que o sítio São Francisco, Larginha, é minha caixa de memórias, assim acho que tive uma infância muito feliz.

Um pouco de minha vida compartilhada. Creio que essa nostalgia ocorreu porque estivemos preparando a comemoração dos cem anos de minha avó e algumas lembranças me levaram de volta para o sítio. Então, todas essas memórias retornaram derrepente. Termino essa historinha com um pensamento do Einstein sobre a imaginação. Ele diz mais ou menos assim: “ Quando examino minha maneira de pensar, chego a conclusão que o dom da imaginação sempre teve muito mais importância para mim que a capacidade de acumular informações; Olho minha vida como se fosse música. [...Acho o vício silencioso muito mais interessante que a virtude ostensiva.]”



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